A Arte Pop, a Paraliteratura e a Pro paganda
Nenhuma obra de arte possui um significado fixo e determinado. Ao contrário, é precisamente no caráter polissêmico da obra, que reside seu valor. Por outro lado, o significado de uma obra que representa ambigüidades de interpretações pode ser tão objetivo e claro quanto impreciso e unívoco.
A arte , como diz Ernest Ficher, jamais se limitaria a mera descrição da realidade social. Ao contrário, é função do artista interpretar essa realidade através de sua visão do mundo e de manifestar suas concepções políticas ideológicas.
Para a formação da imagem deve-se criar condições para que os componentes racionais e emocionais se apresentem integrados e isso se dará através da criação do visual da campanha : Escolha das cores a serem utilizadas, estudo dos formatos, quantidade e qualificação de materiais a serem encomendados e harmonização de todos estes elementos.
Segundo Rene Huygue, estamos vivendo num mundo de sinais, onde não somos mais o que desejamos ser, mas o que a maciça propaganda faz com que sejamos.
Os símbolos e as imagens criadas pela propaganda podem trazer várias convicções, como por exemplo, a de que se deve adquirir isto ou aquilo. Parece evidente que a propaganda pode ter influência muito maior que a literatura, pois enquanto esta representa uma forma de sugerir os aspectos mais complexos e menos aparentes do comportamento, o estereótipo tratado pela propaganda geralmente acentua um aspecto bem visível do comportamento ou da vida social, com a exclusão de todos os pontos contraditórios.
Essa diferença explica bem o constante desentendimento entre a literatura e a propaganda . Se a primeira procura os aspectos mais conflitantes da vida individual e social , a segunda limita tais aspectos através da valorização exclusiva de um ponto de vista ou de uma aparência .Por outro lado, o que aproxima a literatura da propaganda é o fato do escritor querer ser lido por um grande número de leitores e o publicitário quer ultrapassar os limites impostos pela sua área de atuação.
O estilo de escrever, a originalidade de seu trabalho e a proposta de ser apresentado ao seu público são alguns componentes importantes na qualidade literária . Aliás, sua importância consiste precisamente no caráter inovador que apresenta a um certo público. No entanto , é preciso estar atento para não torná-lo inteiramente isolado . Caso contrário, perderia sua função.
Sem dúvida é impossível compreender a existência de um valor estético que permaneça restrito a uma minoria. A sua criação indica um passo indispensável , no entanto, quando se generaliza, tornando-o do conhecimento da sociedade, parece tão importante como o ato de criar, mas não basta ser um novo valor da sociedade , é necessário que seja aceito.
O conhecimento teórico do romance se torna mais pertinente quando o objeto central a ser analisado é a literatura dirigida ao grande público . Vale ressaltar que os valores autênticos diferem de um romance para outro, isso ocorre pois estes se organizam no plano de sua própria obra formando o conjunto de seu universo.
Entretanto , para o grande público, as teorias intelectuais só adquirem sentido quando se transformam em fórmulas simples ou em estereótipos , isto é , quando perdem suas características significativas para entender a literatura é necessário considerar as diferenças individuais, pois isto levará a uma riqueza maior das interpretações contraditórias.
Para Waldenyr Caldas a estrutura dos textos na paraliteratura, repousa basicamente no voyerismo, já que o leitor só consome signos e representações do real e do imaginário e em situações maniqueistas, sem a análise social e política do universo abordado. Devemos considerar que há uma grande penetração junto ao público e estes textos possuem a mesma importância que as formas de expressão que veiculam ideologias ou que são consagradas pela crítica especializada.
O discurso da paraliteratura de imaginação constitui uma forma de interpretação do mundo, estabelecendo, não propriamente, uma contradição entre a linguagem reconhecida como literária e não-literária, mas somente as diferenças entre a literatura culta e a paraliteratura. Trata-se apenas de uma interpretação de suas contradições e das condições em que foram produzidas.
As comparações da paraliteratura e da cultura de massa são inevitáveis. As estórias em quadrinhos , os jornais e até mesmo as telenovelas são pequenas partículas formadoras do universo paraliterário dessa forma pode-se incorporá-la na cultura de massa.
Em relação as artes plásticas, a Pop Art cumpriu esse papel . Esta começou como um nova forma de expressão, procurando exprimir a tensão dinâmica e os aspectos
uma forma de interpretação do mundo, estabelecendo, não propriamente, uma contradição entre a linguagem reconhecida como literária e não-literária, mas somente as diferenças entre a literatura culta e a paraliteratura. Trata-se apenas de uma interpretação de suas contradições e das condições em que foram produzidas.
Rauschenberg utilizou em seus trabalhos, colagens de fotos, recortes de anúncios de propaganda, imagens ajustadas à pintura, acrescentando a elas objetos banais. Procurou focalizar as imagens estereotipadas da sociedade industrial, mostrando a visão subjetiva da arte.
A Arte Pop, como todo trabalho que mescla pintura, com escultura e com técnicas variadas (fotografia, material impresso e colagens), visa ironizar. Esta é justamente um forma de se comunicar com um público maior, rompendo com o isolacionismo de outrora, saindo de sua interioridade-atelier habitual em seu modo de fazer artístico para se articular em torno do coletivo-urbano.
A Arte, qualquer que seja, é sempre uma forma de expressão consciente ou inconsciente. A propaganda, por sua vez, jamais é uma expressão, mas sim uma representação. A arte propõe sempre uma visão transcendente do homem e a propaganda dispõe dele. Entretanto, a arte caminhou em direção a sociedade de consumo, diante disso, percebe-se que as influências entre a arte e a propaganda ocorrem no mesmo sentido.
Os meios de comunicação criaram uma iconografia urbana (garrafas de Coca-Cola, 7UP, rostos de estrelas de cinema e Hambúrgueres) que algum artistas incorporaram em suas obras (Claes Oldenburg trabalhou com objetos tridimensionais, produtos de consumo de massa , centrando sua atenção para a imagem publicitaria). Inversamente, o tratamento formal dado pela experimentação plástica a esses materiais são aproveitados pelos meios de comunicação em novas mensagens. Esses mesmos meios tomaram elementos à sensibilidade popular (imagens técnicas de representação) e os incluíram em sua comunicação, por seu lado os movimentos populares extraíram elementos das culturas de massa e se adaptaram para produzir mensagens que expressaram seus interesses.
A sociedade moderna conserva de fato o objeto artístico ao mesmo tempo que nega a possibilidade da arte e, com isso, a promessa de autonomia que sempre encerra. A obra de arte subsiste, embora não como foi concebida, mas como produto. As manifestações artísticas assumiram a arte como um ritual conformista, desde a Pop Art e Minimal Art até a Arte Conceitual.
A propaganda, por sua vez, incide sobre a ansiedade, mostrando que o modo de vencê-la é consumir . De acordo com os mitos da publicidade, os que não possuem o poder de gastar dinheiro tornam-se literalmente homens sem rosto. Quem tem , é digno de ser amado. Por isso a arte é tão útil a propaganda, pois detona riqueza e espiritualidade ao mesmo tempo que luxo e valor cultural. A publicidade se apropriou das relações ou implicações entre a obra de arte e o espectador proprietário, procurou persuadi-lo, transformando-o em espectador comprador ( “ Modos de Ver” de John Berger, Sven Blomberg, Cris Fox e Richard Holllis).
A sociedade se fragmentou em faixas de mercado, criando um produto cultural fragmentado, cuja única expressão de domínio é o consumo. Se a produção cultural estiver presa ao círculo vicioso do consumo e se a cultura estiver fragmentada de tal modo em faixas de mercado, tornará a arte cada vez mais dependente do mercado.
A cultura de massa, cujo objetivo é o lucro, vai destinar seus produtos aos diversos níveis de gostos , estratificando o consumo cultural. Segundo Antônio Cândido, pertencemos a uma massa cujas reações obedecem ao condicionamento do momento e do meio que vive.
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